sábado, 21 de novembro de 2009

Estou presa em uma teia de acontecimentos,
Suspenso por fios de dúvidas,
Pairo no firmamento em inércia,
Não vejo ninguém,
Não há ninguém,
Acho-me vazia e estanque,
Gosto da sensação letárgica,
De indolência assistida,
Do nada absoluto,
Minha mente em estupor,
Sentidos entorpecidos,
Dentro do meu ser e fechado para reforma!

Lágrimas...

Hoje o dia amanheceu chuvoso,
Uníssono com o meu coração choroso,
Hoje o céu está encoberto,
Onde está o meu chão, o meu teto.

A vida tenta aniquilar os meus sonhos,
Deixa-me a alma com semblante tristonho,
Quande se aproxima a alegria,
Quase lhe toco e sinto a magia.

No entanto tudo se perde,
Estando quase tão perto,
Restando somente a dôr,
Essa a conheço bem de cor.

Porque tem de ser assim,
Tudo se esvai para longe de mim,
O meu coração se encontra apertado,
Como se encontra tão desesperado.

Eu sei, nada posso fazer para alterar,
Só o amanhã saberá a que porto irei chegar,
Mesmo que eu o tentasse parar,
Nada seria possivel para o travar.

A vida dá-me saúde, alegria e amor,
Impõe também tristeza e dor,
Queria ter o poder para travar o teu sofrer,
Sou uma simples mortal, sem poderes para tal.

Eu sei, enquanto existir vida,
Tudo sempre será atingível,
Quem sobrevive continua,
Se refaz e vive a intensa luta.

Imaginei o teu cheiro de homem levando-me em devaneio,
Imaginei o teu incomparável sorriso meigo,
Imaginei o toque da tua mão passando de mansinho no meu rosto,
Imaginei o teu abraço apertadinho tão gostoso,
Imaginei nós dois dando gargalhadas de felicidade,
Vivendo e gozando o nosso amor repleto de verdade,
Imaginei nós dois na areia a rebolar,
Degustando e saboreando este nosso imenso amar,
Não morreu a esperança em mim dessa realidade,
Que um dia além de imaginar, que tudo isso se possa realizar.

Queria poder fazer-te sorrir,
Com palavras belas, clamando o meu amor por ti,
Estaria a enganar a dor que sinto no coração,
Esta dor não mata, simplesmente maltrata e deixa-me no chão.

Que poderia eu dizer para te ver feliz,
Que não tenha já escrito em tantas palavras que fiz,
Peço, não chores por mim,
Mal ou bem estarei o tempo que a vida me quiser aqui.

Talvez o melhor será silênciar-me,
Não quero mais dor provocar-te,
Nada poderei fazer só continuar a amar-te,
Quiça um dia te veja aqui e finalmente poderei abraçar-te.

Tédio...

Vazio dentro da cabeça
E muita dor sem que eu mereça
Fazem de mim o que eu sou.

Para a maioria cega, sem vivência
Isso não passa de carência
Mas é muito mais...

É uma tentativa de curar a dor,
De evitar um comportamento sem pudor.
Termina tudo num tédio que só!

Pra não incomodar os demais
Que vivem sem deixar em paz
O meu espírito que nasceu para ser livre;

Mas que por obra dessa vida;
Vida sem ser muito querida
Por causa da desilusão

De sonhar sonhos em vão
Que não se concretizarão,
Dados meus loucos pensamentos

Que me impulsionavam...
Impulsionavam...
Impulsionavam...
Impulsionavam...

Autor desconhecido

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"

Cecília Meireles